Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para DPOC também precisa de atualização para que mais medicamentos sejam acessíveis ao pacientes
A demora na atualização do PCDT fez com que os Estados tomassem uma providência para auxiliar os pacientes, como conta José Roberto Jardim. “Em 2013, esse programa federal não contemplava medicamento anticolinérgico, que é de escolha do paciente e, com isso, os estados começaram a fazer seus próprios programas para DPOC”, enfatiza.
O atual PCDT orienta como base do tratamento medicamentoso os broncodilatadores por via inalatória, que proporcionam alívio sintomático. Os remédios sugeridos, dependendo de cada caso, são:
– Broncodilatadores de curta ação (salbutamol, fenoterol);
– Broncodilatador anticolinérgico (brometo de ipratrópio);
– Broncodilatadores de longa ação (salmeterol, formoterol);
– Corticosteroides inalatórios (budesonida, beclometasona);
– Corticosteroides sistêmicos não inalatórios (prednisona, prednisolona, hidrocortisona);
– Oxigenoterapia domiciliar.
O pneumologista do Hospital das Clínicas Rafael Stelmach, presidente da Fundação ProAr, afirma que os Protocolos Clínicos de Diretrizes Terapêuticos para DPOC e asma precisariam ser reavaliados a cada dois ou três anos. “Porque isso tem sido feito de uma forma muito lenta, com muita dificuldade e inclusão muito restrita. O que precisa fazer é torná-los mais regulares. Você teria esses medicamentos disponibilizados para acompanhar o nível internacional, trocando os mais velhos pelos mais novos, o que não tem acontecido regularmente nem no serviço público e muitas vezes no privado. Não se trata somente de SUS, no caso do PCDT”, pondera.
Zuleid Dantas Linhares Mattar, presidente da Associação Brasileira de Asmáticos de São Paulo, afirma que a entidade está engajada para a atualização do PCDT para asma. “A limitação é muito grande, uma vez que os consensos mudaram e a abordagem hoje é muito mais abrangente com novas classes terapêuticas e associações de drogas. O conhecimento da fisiopatologia e das características fenotípicas da asma marca uma nova era no tratamento e controle da doença. O protocolo está sendo sendo analisado e, em agosto, deveremos ter uma prévia para uma primeira análise e acertos de considerações. Por se tratar de uma grande mudança, muitos aspectos precisam ser analisados, além da incorporação de medicamentos”, diz.
O que o novo PCDT precisaria incluir para beneficiar os pacientes?
O professor sênior da Unifesp José Roberto Jardim ressalta que a demora da atualização do protocolo de diretrizes para DPOC passou por diversas gestões de governos como Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora, Jair Bolsonaro. O especialista participou frequentemente das tentativas de atualização envolvendo sociedade civil e entidades nas últimas décadas. “Os médicos adorariam poder participar de qualquer coisa gratuitamente. Se o governo dissesse, ‘queríamos falar com vocês’, nós sempre nos disponibilizaríamos a participar para ajudar a população e os pacientes. Querer ajudar faz parte do cotidiano dos médicos. O problema é sair do papel”, desabafa.